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Não Façam da Ansiedade um Papão

Confrontados com as notícias que diariamente surgem acerca da evolução da pandemia, em Portugal e no Mundo, é inevitável que surja inquietação, medo e ansiedade. Especialmente naqueles que estão confinados em casa, o isolamento e a dificuldade em partilhar o medo através do contacto com outros agrava a situação.

“O inferno é ter braços, mas não poder abraçar ninguém”.

Como lidar com isto? Embora não exista nenhum truque mágico, algumas coisas podem ajudar:

Primeiro, reconhecer que a ansiedade é uma resposta a uma ameaça percebida e, portanto, é normal que nestes tempos tenhamos ansiedade em algumas situações. O importante é não ter medo de ter ansiedade (isto é, das sensações que aparecem quando estamos ansiosos). O medo dessas sensações é um factor importante para a manutenção da ansiedade.

Segundo, perceber que o que devemos evitar é a ansiedade ou stress crónico, que frequentemente está ligado à ruminação (pensar repetidamente sobre algo negativo que nos preocupa e ficarmos perdidos nas histórias que a mente faz acerca disso), e à tentativa de não sentir ansiedade. O stress e ansiedade que surgem pontualmente em resposta a uma situação de ameaça não é mau em si mesmo, se os aceitarmos e tirarmos partido deles em vez de os combater. Há estudos que mostram que quando nos preparamos mentalmente para aceitar alguma ansiedade ou stress, isso pode ter consequências positivas.

Então o que fazer?
Para além dos conselhos que têm sido amplamente divulgados, e que são muito úteis, como, entre outras coisas: manter uma rotina diária, não passar o dia a ver as notícias na televisão e escolher ver apenas um ou dois noticiários por dia, manter o contacto com os amigos através do telefone ou redes sociais, ajudar amigos ou conhecidos que sabemos estarem mais isolados, contactando-os e dando-lhe força e apoio. A forma como lidamos com a nossa ansiedade é um factor muito importante, ou para que ela tome conta da nossa vida (stress crónico), ou para a transformarmos em segurança e força para lidarmos com a ameaça. Uma prática que poderá ajudar a que isto aconteça é a prática dos 3NM

  1. Notarmos quando estamos com medo ou ansiedade e mentalmente repetir algumas vezes (está aqui medo, medo, medo ...ou ansiedade).
  2. Notarmos as sensações no corpo que acompanham a ansiedade (coração a bater mais, aperto no peito, ombros contraídos, sensação de inquietação, respiração mais difícil, etc.) e observá-las como se estivéssemos num cinema, a ver isso acontecer e sem lhes reagir, sem as tentar diminuir e controlar. Só observar e deixar acontecer (as sensações da ansiedade não são perigosas). Podemos dizer mentalmente “Posso sentir isto, não é perigoso”.
  3. Notar como a mente repetidamente nos quer levar para a história que nos assusta (nós ou familiares vão ser contaminados, a situação financeira vai ficar difícil, podemos morrer, etc.) e ver que são histórias que a mente faz e não a realidade, mas Manter a atenção no corpo e nas sensações permitindo que estas estejam.
  4. Manter esta observação e ser curioso em relação a essas sensações (onde sinto a tensão, como é este aperto no peito, etc.) ficando a observá-las sem lhes reagir e ver o que acontece

Quando aceitamos, isto é, permitimos, que a ansiedade e as suas sensações estejam presentes sem lutarmos contra elas, a sua força diminui e acabamos por ter uma sensação de força e tranquilidade. Mas atenção, não estejam sempre a ver se a ansiedade está a diminuir. Isso não é aceitar, nem permitir. Se fizerem isso a ansiedade não diminui. É um pouco paradoxal: a ansiedade só diminui quando vocês não tentarem que ela desapareça.  

Tentem esta prática. Pode parecer difícil inicialmente, mas vão ver que são capazes.

NÃO TENHAM MEDO DA ANSIEDADE. AFINAL JÁ ESTAMOS A SER HERÓIS AO FICAR EM CASA E AJUDAR OS OUTROS

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Video Meditação Focada na Respiração

 

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Video Meditação LovingKindness

Os conteúdos deste video são da autoria da Associação Portuguesa para o Mindfulness (APM), não podendo ser utilizados para outra finalidade para além da prática pessoal.